Turismo Gastronômico: um prato cheio para fortalecer a identidade

Share this post

Texto escrito por Elaine Villatoro, do Live More, Travel More

A gastronomia é uma expressão viva da identidade de um lugar. Através dos sabores e aromas da culinária local, é possível viajar por histórias e conhecimentos que vão muito além do prato servido. Não à toa, o turismo gastronômico é definido pela World Food Travel Association como “o ato de viajar para experimentar um lugar e ter uma noção dele”.

A culinária já se tornou um dos principais fatores que motivam os viajantes na escolha de seus destinos. Segundo o relatório da Brainy Insights, o mercado de turismo gastronômico foi avaliado em US$1,1 trilhão em 2023 e deve crescer exponencialmente, chegando a US$6,2 trilhões até 2033. Esses números revelam não apenas o impacto econômico dessa tendência, mas também como as experiências gastronômicas são um elemento essencial do turismo.

Sabores que se tornam ícones

Os pratos típicos de cada canto do Brasil e do mundo carregam consigo muito mais do que ingredientes; eles trazem contextos geográficos, histórias marcantes, tradições e conhecimento ancestral. Já parou para pensar em como o acarajé da Bahia remete ao período de escravidão no Brasil? Ou que o brigadeiro foi batizado com este nome durante uma campanha política? 

A história por trás de um prato ou sua forma de preparo pode ser tão rica a ponto de ser reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Este é o caso do kimchi coreano, criado como solução para preservar vegetais além da época de colheita. Ou do pizzaiolo napolitano, responsável pela tradicional pizza que segue processos rigorosos de preparação antes de ser assada em forno a lenha.

Com o tempo, pratos se tornam ícones e atrações imperdíveis. Ao falar de baguete ou de taco, você provavelmente já sabe quais são seus países de origem sem qualquer esforço. Esse é o verdadeiro poder do turismo gastronômico: fortalecer a identidade de um destino, valorizar sua história e tradições, ao mesmo tempo em que apoia a economia local.

Experiências autênticas e fortalecimento da comunidade local

Além de reconhecer e valorizar pratos e tradições, é preciso promover experiências que compartilhem a essência do destino. Um dos erros mais comuns no setor, que também acontece na hotelaria, é de empreendimentos basearem a estética do estabelecimento ou o serviço em casos de sucesso no exterior, ao invés de enaltecer a identidade do próprio destino. O que torna um lugar único é justamente sua essência, que inclusive está diretamente relacionada às pessoas que criam e facilitam as experiências.

Não se trata de focar apenas em um restaurante bem decorado. Viajantes querem mais experiências reais: “Donas Marias” que herdaram uma receita da avó; vivências gastronômicas em comunidades indígenas; food tours liderados por membros da comunidade que compartilham o melhor da comida de rua local.

Outras formas de promover o turismo gastronômico de maneira autêntica incluem:

  • Festivais gastronômicos: que democratizam a experiência para moradores e turistas, proporcionando diversas opções de sabores e incentivando pequenos empreendedores locais.
  • Aulas de culinária: que permitem ao visitante levar para casa receitas, memórias e aprendizados que poderão ser compartilhados com conhecidos, agregando valor à marca do destino.
  • Colheita, produção e degustação: vivências que enriquecem o paladar ao conectar as pessoas aos processos por trás dos alimentos.

Sustentabilidade: um ingrediente essencial

É importante lembrar que o turismo gastronômico precisa ser planejado com responsabilidade. Quando mal gerenciado, pode trazer impactos negativos para o destino e seus moradores, como o aumento do desperdício de alimentos, o uso excessivo de embalagens descartáveis e a pressão sobre os recursos naturais. Priorizar ingredientes locais, respeitar a sazonalidade e adotar métodos de produção sustentável garante melhor qualidade de vida para as gerações atuais e futuras.

Envolver os visitantes no processo também é fundamental. Ao contar a história por trás das escolhas, como a origem dos ingredientes ou os métodos tradicionais de produção, a experiência gastronômica se transforma em uma jornada educativa e significativa. Essa conexão aprofunda o impacto positivo tanto para o turista quanto para a comunidade local.

Como pode notar, o turismo gastronômico é muito mais do que comer “fora de casa”: ele alimenta os saberes, nutre tradições e pode ser o acompanhamento perfeito para destinos que buscam crescer de maneira verdadeiramente sustentável.

Share this post

Mais conteúdo GVA para você!

Subscribe to our newsletter

EnglishPortuguêsEspañol