Minha Dinamarca, por Raphaela Teixeira

Comecei minha história com a Dinamarca há 9 anos, ao decidir fazer um intercâmbio cultural de high school para esse lugar tão distante geográfica e socialmente do Brasil. Eu tinha muita curiosidade sobre como era viver no país mais feliz do mundo, onde a violência urbana é tão pequena e as pessoas, as cidades e os costumes tão diferentes. Pois sim, a diferença sempre me atraiu. Dessa maneira, o ano seguinte à essa decisão foi feito de planos, preparativos e expectativas, que com a minha chegada mostraram-se completamente diferentes de toda as experiências que aquele lugar tinha a me oferecer. Ao andar por Copenhague naquele 1º de agosto já pude sentir a atmosfera ímpar daquele país que, por incrível que pareça, é calma, iluminada e muito receptiva. O que me chamou mais a atenção foi a tranquilidade que a capital da Dinamarca passava e a paz que eu sentia. Mas o meu destino no intercâmbio não era Copenhague e nem os entornos da capital então, segui viagem.

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Com abraços apertados, lágrimas nos olhos e muitas bandeirinhas da Dinamarca (a amada Dannebrog, como é chamada pelos dinamarqueses) fui recebida por minha família hospedeira numa estação de trem no norte da Dinamarca, numa cidade chamada Aalborg. Fui também acolhida de coração pela vizinhança, que também me recepcionou em nossa rua balançando alegremente suas pequenas Dannebrogs. Esperando um povo muito frio e distante, me deparei com pessoas muito calorosas e amáveis. Claro que nem todos são tão abertos e interessados em conhecer pessoas novas, mas a maioria dos que aqui encontrei me mostraram o contrário. É bonito de ver o forte senso de comunidade que eles têm. Por lá todos são confiáveis até que se diga o contrário, há um grande respeito entre as pessoas e das pessoas pelos espaços públicos e regras de convívio social. Ainda hoje me lembro de um caso de um pequeno menino que se perdeu na floresta em pleno inverno e, em conjunto com a polícia, todos os moradores da região se revezaram para procurá-lo até finalmente o encontrarem horas depois.

Morar no norte da Dinamarca foi um privilégio para mim pois, além de conhecer a parte cosmopolita, prática e moderna das grandes cidades dinamarquesas, pude fazer uma imersão na cultura e tradições dinamarquesas, até chegar àquela conclusão que ouvimos várias vezes anteriormente: “o melhor da Dinamarca são os dinamarqueses”. A cultura dinamarquesa é riquíssima e muito envolvente. De resquícios da Era Viking e da Idade Média às festividades mais recentes, na Dinamarca há sempre algo a ser celebrado com a família e amigos e, por que não, nas cidades. Já no início do verão há o Sankthansaften, que pode ser traduzido como Noite de São João, onde uma enorme fogueira é feita num local aberto (onde eu fui, na praia de Løkken) e uma boneca feita de tecido e palha que simboliza uma bruxa é queimada enquanto todos à volta cantam antigas canções e aproveitam o tempo em família e comunidade. Há relatos de que essa tradição tem raízes desde antes do país tornar-se cristão, em meados do ano de 965 d.C.

Durante o verão há diversos eventos e festivais de música e arte espalhados por todo o país. As pessoas aproveitam as longas horas de sol (que se põe depois das 23h) ao ar livre, com amigos e familiares, fazendo deliciosas receitas de verão em seus floridos parques e jardins. O Natal especialmente, não se resume apenas aos dias 24 e 25 de dezembro, as tradições são inúmeras e começam à partir do primeiro domingo do mês de dezembro, contagiando a todos com o mágico espírito natalino. E no mês de maio acontece um dos maiores eventos do ano, o Carnaval de Aalborg, o maior carnaval do norte da Europa, atraindo especialmente turistas de outras partes da Dinamarca e de países vizinhos como a Suécia, Noruega e Alemanha.

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A culinária nórdica está em alta há alguns anos, destacando-se pela mistura da inovação e tradição na cozinha e também por sua sofisticação. Não posso deixar de citar então a culinária dinamarquesa, que tem um papel importantíssimo na cultura do país, sem contar com os diversos pratos deliciosos apreciados durante o ano todo. Sim, alguns pratos são bem diferentes para nós brasileiros, mas não me recordo de nada muito exótico que se compare a comer escorpiões fritos no sul da Ásia, então não há motivo para tanto receio, basta se jogar na deliciosa culinária local! Apesar do boom da cozinha nórdica, o que vi foi o amor dos dinamarqueses pela cozinha caseira e ao excelente preparo das receitas nacionais. A culinária estrangeira é também muito apreciada e incorporada ao dia a dia das pessoas. Os dinamarqueses amam cozinhar e se reunir à volta da mesa para longas refeições entre amigos e família, bem ao estilo slow-food.

Há tanto para se falar desse pequeno grande país que conquista à todos que passam por ele, que talvez nem um livro fosse o bastante. Quem chega e se conecta à atmosfera dinamarquesa assim como eu, sempre coloca o destino como um local de retorno garantido. A apresentadora Marília Gabriela já disse que visita a Dinamarca todos os anos e você, certamente, entenderá toda essa afeição que sentimos pelo país, assim que colocar seus pés lá.

 

Raphaela Teixeira é estudante de Publicidade e Propaganda na PUC MG e compartilha aqui o seu amor infinito pela Dinamarca.

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